Quem quer ser um (escritor) milionário?

I- “ - O que você quer ser quando crescer, Júnior?
- Escritor!
E assim o silêncio sepulcral acabou com o clima do jantar em família.”
II- “- E aí, o que você faz da vida?
- Sou escritor.
- Tá, mas com o que você TRABALHA?”
Se eles podem, eu também posso!
(Eles ganharam isso só em 2014!)
Se você já foi corajoso o suficiente para confessar que deseja fazer da escrita seu ganha-pão, com certeza uma das situações acima lhe é familiar. Na última semana, tivemos um intenso debate sobre a possibilidade (ou não) de viver de literatura no Brasil. Afinal, dá ou não?
Dá. Mas só se alguns fatores ajudarem. Um deles (o mais importante, a meu ver) é a sorte. O autor pode ter a sorte de se dar bem com um gênero que está em voga (porque muitos vão tentar seguir a moda, mas nem todos vão conseguir sem cair no ridículo), ter a sorte de ele próprio acabar lançando um gênero novo ou ressuscitando algum que andava esquecido, ou ter a sorte de cair na louca máquina de fabricação de celebridades: o livro pode ser citado por alguém famoso, ou o próprio autor pode se ligar ao mundo dos famosos. Assim, dá para viver de literatura no Brasil.
E você, autora que escreve este texto, tem a pretensão de viver de literatura?
Muito boa pergunta, caro leitor. Não, não tenho a pretensão de ganhar um bom dinheiro vendendo meus livros e não consigo me imaginar como uma escritora tipo Thalita Rebouças, que atrai multidões por onde autografa. Sou pé no chão, sei qual é minha zona de conforto literária e não vou me aventurar a escrever sagas de vampiros-zumbis no apocalipse distópico só porque é isso que está vendendo agora: sei que nada de bom vai sair se eu entrar nesse mundo maluco que nada tem a ver com meus conhecimentos ou com meu gosto literário.
Ah, então você só escreve para si mesma? Escreve o que você gostaria de ler?
Não. Escrevo para muitas outras pessoas. Mas não quero tentar viver de literatura. É possível (mais do que possível, comum até) ter duas carreiras: ser economista de dia e DJ de noite (mas não TODA noite) ou advogado durante a semana e fotógrafo nos finais de semana. Viver de “arte” (seja lá o que se enquadra na sua definição de “arte”) é muito difícil, então creio que o melhor e mais seguro seja manter a literatura como hobby.
Então por que, afinal, eu escrevo, sempre escrevi e continuo aqui escrevendo?
É algo difícil de responder. É algo talvez maior e mais complexo que eu. Talvez seja a cicatriz que ficou da menina que pouco falava e se expressava melhor no papel. Talvez seja uma carência louca, uma necessidade de ter um talento (que eu acho que eu possuo) reconhecido. Talvez seja a simples mas pungente busca da imortalidade: minhas histórias poderão viver muitos séculos mais que eu.
Não é fácil ser escritor profissional nem de fim de semana. Há muito nervosismo envolvido. Você não sabe se aquela revista, editora ou concurso vai gostar da sua obra a ponto de publicar. Você não sabe se, depois de publicado, alguém vai ler. Você fica apreensivo pensando: “e se ninguém for à minha tarde / noite de autógrafos”? “E se o mundo odiar o que eu escrevi?” Pior: “e se o mundo nem ligar para o que eu escrevi?”.
Mas eu, talvez você, e tantos outros continuamos a escrever, a ler e reler, a cortar trechos, a mudar palavras, a procurar sinônimos, a lutar por um espacinho no mercado, a roer as unhas quando o grande dia se aproxima. É algo mais forte que nós. Ser escritor não é profissão, não é vocação: é sina.

Comentários

  1. Bom Dia Lê como vai?
    Muito interessante esse ranking dos escritores milionários!
    Acredito que sim, exista espaço no mercado para novos escritores. O importante é fazer sua parte e não desistir! E acredito que sempre tem alguém procurando algo bom para ler! Persistência, determinação, foco, inovação, "alma" e personalidade, são algumas palavras chave para o sucesso!
    Querida amiga!
    Vim te desejar um Feliz Ano Novo!
    Que esse ano seja melhor que o ano que passou, renovando nossas esperanças e forças na conquista de nossos ideais.
    Para mim é um grande prazer interagir com você a cerca da cultura vintage e retrô.
    Que 2015 seja expetacular e inesquecível em sua vida, é o que desejo.
    Com carinho, Cris.

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  2. Caraca! Isso que eu chamo de muita grana.
    Ah, se ser escritor é sina, escrever é amar, heheh.
    Mas ser escritor no Brasil não é tarefa fácil, uma pena... pois existem muitos maravilhosos escritores por terras tupiniquins!
    Que possamos alcançar o sucesso (da forma que for) sendo escritores, eles sendo livros, receitas ou sentimentos no papel. ^^
    Beijo, Min - http://www.yasminbueno.com/

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  3. Falar que quero ser escritora pra família é um baque e tanto!

    Criei uma promoção para comemorar o dia do Fotógrafo e aniversário de São Paulo. Vem conhecer :3
    http://abelanaoafera.blogspot.com.br/2014/12/promocao-dia-do-fotografo-e-aniversario.html

    xoxo

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