Carta aberta a Edgar Allan Poe

Esta carta é parte do Primeiro Desafio Pocket Literário, organizado pelos blogs Os Literatos, Sphera Geek e Dobradinha Literária. O primeiro desafio, “O Chamado”, consistia em três missões. Mais um pouco sobre as outras missões neste post. Agora, a carta:
Aposto que minha carta é melhor que a do Júlio Verne!
Caro Edgar Allan Poe,
Venho por esta carta declarar apenas uma coisa: como eu o invejo!
Já o conhecia pelas adaptações de suas obras para o cinema, e assim já o admirava. Mas eu sei que um filme é um trabalho conjunto, e que um filme só é brilhante se a soma de suas partes dá um bom resultado. Não seria só um bom roteiro ou uma boa história original que dariam origem a um grande filme. Mas foi apenas lendo suas obras que me dei conta de quanto você foi responsável por essa magia (negra) tão bem traduzida para as telas. Tornei-me fã. Mas uma fã invejosa.
Senti inveja ao ler seus parágrafos descritivos maravilhosos e ricos em detalhes. Senti inveja das narrativas de tirar o fôlego. Queria eu ter este talento! Por muitas vezes fiquei pensando como sou pouco habilidosa com as palavras se comparada a você, e me entristeci.
Como sou o tipo de pessoa que sempre nada contra a corrente, digo que meu conto favorito de sua autoria é “Pequena Palestra com uma Múmia”. Não há (quase) nada de assustador nesta história, mas há uma graça e uma força imaginativa maravilhosas. Pelo que conheço de sua obra, posso dizer que a Múmia, ou melhor, o Conde Allamistakeo mumificado, é a personagem mais divertida e sagaz de suas histórias.
Também, como aficionada por História, não pude deixar de admirar a riqueza de detalhes do conto. Tantos pontos tão perfeitamente explicados: o processo de mumificação, as várias camadas das tumbas egípcias, e até a raça dos escaravelhos, que por algum tempo eu duvidei existir, mas acabei encontrando uma evidência de que você falou a verdade em seu conto. Se não foi você um egiptólogo amador, certamente teve muito trabalho para reunir todas aquelas informações sobre tão antiga civilização.
Finalizo voltando à inveja, manifestada mais uma vez quando eu soube que você foi o primeiro escritor americano a viver apenas de escrita. Sonho de muitas pessoas, é algo difícil de realizar. Para mim, nem sonho é, pois o que desejo agora é ser ao menos lida – a recompensa monetária, se vier, que venha depois. Sim, essa inveja despertada em mim poderia ter me desanimado, mas na verdade deu novo incentivo à minha escrita: não quero ser igual Edgar Allan Poe II, mas me espelharei em você. Porque sua vida foi difícil, sua carreira foi bem-sucedida em um momento difícil do mercado literário (talvez como seja o momento atual), mas, no final, você conseguiu. Parabéns, senhor Poe. E obrigada. 

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